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Bobox

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012








             Fotografia e Tecnologias Futuras

O advento da fotografia por Louis Jacques Mandé Daguerre, em agosto de 1839,  abalou velhos conceitos, velhas  filosofias tradições. Acusada de ser a “Invenção do Diabo”, ela não só vira para ficar, como também traria a tona um fator importante que até aquele momento permanecera intacto: “A concepção que o homem tinha de si próprio”.

 Nas ultimas duas décadas, muito se falou sobre a fotografia e as novas tecnologias. Mas e as futuras que estão por vir?

As novas conquistas da fotografia digital e a fotografia 3 D estão indo para o mesmo caminho. Com qualidade cada vez melhor e preços sempre menores, as câmeras digitais dominam o mercado. Os novos smartphones 3D já estão ai. Nunca se fotografou tanto como agora! O numero de interessados aumenta a cada dia, comprando mais câmeras, mais livros, mais revistas, participando de novos congressos, workshops e de escolas de fotografia. Quando a Focus iniciou, em 1975, era a única escola técnica em todo o Brasil. Agora, só na Grande São Paulo tem mais de 100 cursos, para todos os gostos, perfis e bolsos.

 Mas fabricantes ainda terão muito que fazer antes de terem terminado o aprimoramento da qualidade das imagens, melhorar a precisão das cores, reprodução de texturas, respostas sensitométricas nas altas e baixas luzes, diminuir o delay, o tempo de transferência da imagem, da memória Ram da câmera, para o cartão de memória, arquivos  de imagem com novos alogarítimos que permitam a utilização de menor espaço e armazenamento com melhor qualidade.  E também apresentar tecnologias revolucionárias que inspirem nossa imaginação. Acredita-se que o melhor ainda está por vir.

 A Sony, por exemplo, já disponibilizou no mercado, desde o ano passado, duas câmeras compactas de nova geração, em outras palavras, as câmeras hibridas com lentes intercambiáveis.

 O conceito híbrido dessas máquinas é atraente para dois públicos: profissionais que buscam câmeras com funções robustas e amadores que estão atrás de modelos mais avançados sem ser uma DSLR. Algo que as compactas não têm. O que muda de um modelo para outro? O design e o acabamento do corpo são diferentes.

 O modelo Nex5,por exemplo, filma em Full HD,  já a Nex3 filma em 720p. As duas contam com 14MP de resolução. Os modelos custam, por enquanto, entre 550 e 800 dólares, dependendo do tipo de lente a ser utilizada. Contudo, há alguns problemas nas novas câmeras da Sony que merecem ser comentados. Segundo sites que testaram os modelos, o autofoco  ainda é inconsistente, faltam controles manuais, a captura de certas cores não está adequada e, a imagem aparece com leves distorções e ainda para completar, não existe visor óptico.

 O fabricante  aponta que as novas câmeras  são dotadas de Sweep Panorama, função de foto panorâmica, bastando movimentar a câmera; o equipamento se encarrega de montar a foto. Pode ser para os lados ou para baixo com disparo automático.

O modo 3D  apresenta a função para fotografar em 3D e nas panorâmicas Full HD. A câmera está de olho naqueles consumidores que possuem televisão LCD e também na conectividade com a linha Bravia de televisores 3D.

  A função HD: O modelo Nex5 filma em alta definição e com som estéreo. A Nex3 filma em  HD 720p. Pesquisas comprovam que o HD em câmeras é um recurso cada vez mais procurado por consumidores e profissionais.

 A versatilidade de arquivos também fotografa em RAW. Há um módulo HDR para capturar e combinar três imagens em uma só fotografia melhorada. Conceito Intuitivo, o menu tem tutoriais explicando os comandos mais avançados.Possui também detector de sorriso e de face.

 A Nikon também não ficou para trás. Lançou duas câmeras mirrorless no mercado. Parecem câmeras de brinquedo, mas isso não pode ser levado em consideração quando falamos de qualidade de imagem. É apenas uma pequena observação. Tanto a Nikon V1 quanto a J1 estão equipadas com o mesmo sensor CMOS de 10 megapixels, porém a primeira é um pouco mais avançada. Entre outras características ela possui um visor eletrônico, enquanto que com a J1 é necessário fotografar utilizando o visor LCD.

 Os novos equipamentos podem fazer fotos em JPEG e RAW com 12 bits, além de filmes em alta definição Full HD com 1920×1080 pontos. Porém, os dois fatos que chamam muito a atenção são a quantidade de pontos de autofocus para comparação de fases (73) e a velocidade do modo continuo que chega a 60 fotos por segundo com foco fixo e 10 fotos por segundo com autofocus nas primeiras 30 fotos (V1) e 12 fotos (J1). Ambas as câmera possuem LCD de 3 polegadas e velocidade ISO nativo de 100 a 3200 e ISO estendido até 6400.

 Ambas as câmeras estarão disponíveis juntamente com a lente Nikkor 10-30mm f3.5-5.6 VR

 Resta saber se economicamente, os acertos compensarão os defeitos.

 As novidades não param por ai. Há alguns meses atrás foi anunciada mais uma conquista tecnológica para as novas câmeras compactas.

A Lytro Câmera funciona com um sistema de foco múltiplo, isto é, ela foca diferentes pontos da imagem e grava isso em um único arquivo. É como se ela batesse várias fotografias ao mesmo tempo com distâncias focais diferentes e reunisse toda essa informação em um só local. Fazer isso com uma câmera normal implicaria em várias imagens diferentes.

 Porém, a Lytro faz isso tudo de uma só vez, rapidamente, sem precisar disparar o obturador diversas vezes ou unir os diversos focos em algum editor de imagens posteriormente. Ao capturar a cena, a câmera pega vários pontos de foco em gera uma imagem pronta e,  como eles mesmos dizem, viva.

 Essencialmente, o que a Lytro faz é aproximar a máquina fotográfica ainda mais do olho humano, já que ela consegue “enxergar” e capturar os momentos da maneira como nós vemos isso, usando algo que os seus engenheiros chamam de “campo de luz” (light field), um parâmetro que não é aproveitado nas câmeras atuais e que faz toda a diferença nesse novo modelo de fotografia.

 Mas, o que muda? Seu grande diferencial é o simples fato que não se precisa mais se preocupar  com o foco. Apesar de todas as câmeras existentes no mercado, mesmo os modelos hi-tech analógicos possuírem auto focus, esta nova tecnologia não efetua o foco sozinho e se o operador não estiver atento o foco,  a cena capturada será perdida.

 Outro detalhe interessante, se você movimentar a zoom, não poderá aumentar o diminuir a profundidade de campo. Esta sempre será pequena, como na macrofotografia, por exemplo.

Cconstatamos em nossas aulas de estúdio, as diferenças de imagens produzidas pelas cameras reflex digitais. No mesmo ambiente, com controle total da luz, de ISO, do perfil de cores e do WB, duas câmeras, exatamente iguais, do mesmo fabricante, mesmo modelo, apresentam resultados diferentes. Isto ocorre em todas as aulas. Sem exceção. Uma investigação mais detalhada sobre este caso mostrou o descaso  das montadoras com seu controle de qualidade. O critério adotado é simples: cada produto deve atender a uma banda, uma margem de exigência. Aqueles que são foram aprovados, são descartados e seu custo diluído entre os demais produtos. Alguns deles acabam alimentando o mercado de câmeras recondicionadas conforme já exposto no artigo anterior.  Mas, como ninguém faz milagres, o consumidor sempre paga mais caro, para ter acesso a uma câmera, de qualidade mínima.

 As montadoras alegam que para colocar no mercado, um produto de preço acessível, a regra é esta. O consumidor, por outro lado, reclama que está comprando um produto muito salgado. Mas isto não se limita somente as câmeras, todo o universo digital funciona do mesmo jeito. Compra-se  hoje para jogar fora amanhã, já que o tempo de vida útil que qualquer um deles, câmera, computadores, celulares, scanners, impressora  chegam até a data de  validade da sua respectiva garantia. Seria como peixe de feira livre, compre já, enquanto está fresco!

 Na maioria das vezes, estando no prazo de validade, as assistências técnicas autorizadas, dependendo do defeitos apresentado, preferem substituir o produto, pois o custo da hora técnica e possíveis reposições de componentes acabam sendo economicamente viáveis. Nos casos de recall há um prazo pré-estabelecido para a substituição do componente defeituoso. As montadoras já sabem quais os modelos e quando os problemas irão surgir. Mas, sabem de antemão, por estatísticas e outros meios que os consumidores que irão recorrer ao recall, apresentam pouco percentual em relação a totalidade do volume comercializado. Há casos, onde sem mais nem menos, o produto é substituído por um novo modelo e pronto!

Mas, como é que fica a fotografia tradicional dentro de todo este cenário? Apesar duas maiores indústrias fotoquímicas (Kodak e Fuji,) estejam há mais de duas década envolvidas com a imagem digital, ainda não se esqueceram de seus produtos tradicionais.

De fato, investir em pesquisa e desenvolvimento de filmes neste nesta altura do campeonato assemelha-se como tentar melhorar o clássico projeto de motor a diesel. Mas, as indústrias ainda continuam apostando no seu aprimoramento. Afinal, apesar da baixa demanda, o mercado ainda é altamente lucrativo.

A Leica, grande fabricante de câmeras analógicas, idem. Alguns modelos são, “flex”, dotados de back digitais, permitindo ao fotografo escolher entre o filme e o cartão de memória, na hora de fotografar.

O problema no Brasil é que a maioria dos laboratórios não tem levado muito a sério o padrão de qualidade na revelação dos filmes e ampliações. Alegam que como a procura é pequena “não há outra solução”. A substituição dos químicos já esgotados não é respeitada, conforme recomendações de seus fabricantes A péssima qualidade das cópias obtidas, tem estimulado o consumidor a migrar de tecnologia. Alguns filmes preto e branco, como o chinês Shanghai,  típica imitação do Ilford, apresenta excelentes resultados, quando adequadamente processados.

O filme amador comercializados no Brasil pela Fuji vem da Zona Franca de Manaus. Já os filmes amadores da Kodak são provenientes de Jalisco, México. Ambos os produtos desenvolvidos especialmente para o mercado da America Latina. Tivemos um caso, há muito tempo atrás, com um de nossos alunos, que levou este filme do Brasil, para ser revelado em Milão, na Itália. O balconista devolveu o filme e solicitou que ele o revelasse onde havia comprado. Conversando melhor, soube do mesmo balconista que o fabricante dos químicos não recomenda revelar filmes de mercados emergentes, pois poderiam contaminá-los.

A história nos mostra quando o ocidente resolveu expandir seu mercado para China e Japão, mas notadamente Inglaterra e França, no século XIX, levaram para lá produtos velhos, ultrapassados na Europa, mas pelo ineditismo, eram amplamente aceitos pelos orientais

A tecnologia digital tem demonstrado cada vez mais ser o meio de atender novas necessidades, com maior velocidade. Mas, por outro lado não tem atendido sua premissa básica de mercado: custo.

Embora o filme tradicional, cujo princípio a base de sais de prata, exista há mais de 170 anos, ainda se utiliza apenas 20% de sua capacidade total. Estas novas pesquisas têm buscado o aprimoramento, tanto da sensibilidade cromática, quanto física dos filmes, minimizando ao máximo sua granulação e melhorando exponencialmente sua definição. Para tanto, os pesquisadores já adentraram no universo atômico. Estas melhorias são prioridade, pois a questão da sensibilidade á luz deverá continuar sendo o calcanhar de Aquiles das câmaras digitais.

Em outras palavras, quando os seus sensores de luz são ajustados para sensibilidade superior ao equivalente ISO 800, passam a gerar distorções nas imagens produzidas, em forma de ruído. Para filme, constituído de tecnologia madura e estável, fica mais fácil melhorar sua resposta, em relação aos sensores digitais. De fato, o maior potencial deste filme está justamente na alta sensibilidade, permitindo fotografar em ambientes com pouca luz. Por outro lado, o custo dos investimentos em tecnologia notória, já consolidada é muito menor em relação às novas conquistas da fotografia digital.

A fabricação do filme fotográfico emprega minúsculos cristais de prata. Quando o obturador da câmara é acionado, não há qualquer efeito visível. Há, entretanto, uma alteração fotoquímica, já que os fótons reagiram com estes cristais, denominado imagem latente. A revelação, por sua vez, conclui este processo, reduzindo e oxidando-os, acabando por transformá-los em minúsculos grãos de prata metálica, agora visível a olho nu.

A tecnologia do filme em cores, por sua vez, emprega três camadas, cada uma sensível a uma cor primária: vermelho, verde e azul. O perfil de cor é mais natural, “com cara de foto de verdade!”, contemplam alguns.

Há 35 anos, diante de possibilidade de  esgotamento das reservas de prata, sucessivos aumentos no mercado internacional, e a constante ameaça de poluição do meio ambientes, pesquisadores da Kodak, em Rochester, NY, desenvolveram nova tecnologia de cristais de prata, que torna seus respectivos grãos menos perceptíveis na imagem final. Os grãos tradicionais apresentam aproximadamente, formato cúbico. Os novos grãos introduzidos,  mais finos, possuem formas de abas mais achatadas conhecidos como grãos “T” ou tabulares. Apesar da significativa redução do teor de prata, apresenta a mesma capacidade de captação em relação aos tradicionais, porque cobrem aproximadamente a mesma área da superfície do filme. Reduzindo a produção de grãos e ruídos para ISO  acima de 800.

Todo fóton que atinge os sais de prata dos filmes atuais se transforma em um elétron para produzir a imagem latente. Entretanto, há dois anos os cientistas já anunciavam nova maneira de duplicar o número de elétrons produzido por cada fóton. Essa técnica capitaliza o fato de que nos filmes em cores, os fótons são primeiramente transformados em elétrons no conjunto de pigmentos periféricos, para depois atingirem as moléculas de prata que formam a imagem.

Estes pesquisadores já desenvolveram moléculas de corantes que, depois de atingidas por um fóton, liberam dois elétrons para os sais de prata. Ao obter dois elétrons, o processo possibilita duplicar sua sensibilidade á luz, sem aumentar o número de grãos de prata, responsáveis pela distorção da imagem. A tecnologia de dois elétrons está atualmente sendo empregado nos filmes cinematográficos, em virtude de seu alto consumo imediato e facilidade de aferir resultados. Deverá em breve chegar aos filmes fotográficos, potencializando sua capacidade de registrar ainda mais a eterna verossimilhança. No Brasil a chegada desse novo produto deverá demorar mais, em virtude da baixa demanda.

A fotografia analógica já demonstrou a sua operacionalidade em situações extremas de frio, calor ou umidade relativa do ar, como desertos, pólo norte ou pólo sul, florestas tropicais, etc. Ou em locais onde não há energia elétrica. Hollywood ainda não descartou o uso do filme cinematográfico. Esta mídia ainda consegue melhor detalhamentos em todas as zonas de luz. Em outras palavras, as áreas de branco não estouram e as sombras não ficam chapadas, sem detalhes. As imagens de Ansel Adams são prova viva do que o velho filme preto e branco é capaz, veja no Google imagens.
Voltando ao mundo digital, temos que tomar cuidado!Nem tudo que é lançado é inédito. A fotografia 3D é um desses casos. Em 1860, na Europa, outra inovação, entre o advento da fotografia e do cinema, era difundida, conhecida na época como fotografias estereoscópicas. O original apresentado eram duas fotografias aparentemente iguais, um leve deslocamento entre as duas imagens, colocadas na frente de um pedestal, onde o efeito da tridimensionalidade era apreciado por um visor duplo, que captava as imagens individualmente e o nosso celebro as “misturava”, complementando o efeito.
A   tecnologia da holografia, difundida nos velhos  filmes Stars Wars, já havia sido desenvolvida no inicio dos anos 60, nas principais universidades americanas por meio de  3 canhões de laser, utilizado o principio do RGB para projetar imagens no ar, em ambientes mais escuros. Pelo menos, as imagens não eram tão fictícias assim…

As câmeras digitais que utilizamos hoje é na sua essência, o mesmo conceito das câmeras utilizadas em missões não tripuladas, nas sondas americanas durante a guerra fria. Há um episódio desta época digno de nota. Os astronautas, quando iam levavam câmeras analógicas, mas tinham que escrever, já que não havia gravadores e laptops a bordo. Em ambiente com gravidade zero, as canetas esferográficas da tripulação não funcionavam. A NASA gastou uma enorme fortuna para desenvolver uma caneta que pudesse ser utilizada em gravidade zero. Já os russos, utilizavam lápis!

Mas a pergunta que ainda não quer se calar ainda é a mesma: qual será custo e a durabilidade das futuras conquistas?

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